A grande força da internet, a popularização da TV por assinatura e a chegada da TV digital são vistas por alguns como uma ameaça à soberania da telenovela.

 

Clarice Grego Alves, doutoranda e pesquisadora do CETVN - Centro de Estudos de Telenovela da Universidade de São Paulo (USP), discorda. “Quando falamos em novela, temos de considerar o que Andersen chamava de ‘comunidade imaginada’ – a audiência é coletiva e, mesmo que os capítulos estejam na internet ou que a TV digital permita que cada um faça seus próprios horários, as pessoas querem assistir ao mesmo tempo que os outros”, explica Clarice. O público, de acordo com a pesquisadora, quer ter com quem conversar sobre o folhetim. 

        

Muitos comparam a discussão sobre o fim da telenovela com a enfrentada pelo rádio e pelo jornal impresso que, a cada nova tecnologia, pregavam o fim da anterior, embora hoje todas coexistam.

 

A ideia mais aceita é que, ao invés de concorrer com a internet, a telenovela use-a a seu favor, por meio do que se conhece como transmídia, técnica de contar uma história ou transmitir uma mensagem através de múltiplas plataformas de mídia que se complementam, cada qual trazendo um novo elemento para a experiência do público. Cheias de Charme (Globo, 2012), de Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, ao lançar na trama e na internet, ao mesmo tempo o videoclipe das Empreguetes marcou o primeiro passo efetivo da emissora no caminho transmidiático.

        

E deu certo: além de registrar mais de 30 pontos na Grande São Paulo, onde a disputa pela audiência é mais acirrada, o vídeo com a performance das personagens de Thaís Araújo, Leandra Leal e Isabelle Drummond, teve mais de 12 milhões de acessos.

        

Nilson Xavier, autor do Almanaque da Teledramaturgia Brasileira, destaca que a fórmula da telenovela remete à Balzac, e continua tendo impacto, mas que mudanças na forma – e, principalmente, na mensuração com que este acontece – são necessárias.